A palavra

A palavra não contem "toda a possibilidade do dizer e do pensar"*. Universos utópicos, conceitos  incorpóreos que sobrelevam o consciente e a consciência. No limite, adjectivações periféricas da realidade e da realização do ser e do estar são tudo o que a palavra alcança. O restante é nada no pensamento, o vácuo onde tudo termina e nada acaba. Incrivelmente, existem peças do ser que excedem o entendimento convencional. Genialidades díspares e racionalizações contraditórias. E as suas congéneres, essas, são também elas dramatizações hiperbólicas e falácias voluptuosas. A palavra em si é apenas isso, um código humano, um jogo sóbrio e meticuloso de combinatória criado para transfigurar e conduzir o pensamento tornando-o no que ele é! Pois em tempos longínquos, em meados da era cenozóica, nos primórdios humanos nos quais a palavra era apenas dita e não escrita, como pensaria um surdo, que nascera surdo à nascença?** 
[...]

Em todo o caso, não questiono a sua importância. Recito a sua incoerência.

wilson figueiredo.

* - Fernando Pessoa
** - (Pensamos sobre a forma de palavras). Aceitam-se teses.

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